sábado, 23 de junho de 2012

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Turismo no centro de São Paulo – negócios ou lazer?

A cidade de São Paulo é considerada uma metrópole por causa do seu elevado número de habitantes (mais de 10 milhões sem contar a região metropolitana) e suas imensuráveis dinâmicas resultantes do seu processo de urbanização. Por conta disso, considera-se São Paulo como sendo uma capital mundial a exemplo de Nova York, Londres, Paris, Tóquio, entre outras. No que se refere à gastronomia é considerada a capital mundial por sua diversificação de serviços e pratos típicos de vários países encontrados numa só região. Do ponto de vista turístico é uma cidade que atrai inúmeros visitantes, por conta do que se define como sendo a campeã nacional do chamado turismo de negócios.

O centro de São Paulo se traduz numa região com diversos contrastes marcados pelo processo de ocupação e uso do espaço ao longo de sua história. "No início do século XX fora um espaço das elites, passou por um crescimento com a criação de áreas mais valorizadas, ao passo que as anteriores foram sendo gradativamente abandonadas e entregues à deterioração de seus equipamentos. A partir de então, o centro tradicional passou a ter uma grande porcentagem de imigrantes nordestinos.

Com a crescente presença das classes populares no centro, alguns estudos mais recentes passaram a analisar tal processo, com ênfase na organização de uma diversidade de grupos populares visíveis de várias formas nesse espaço.

Numa metrópole cujo processo de expansão dotou os espaços de grande complexidade, a fragmentação dessa centralidade acentuou-se ainda mais a partir do surgimento de shopping centers, espalhados em diversas regiões, que passaram a se caracterizar como importantes espaços de consumo, lazer e sociabilidade de crescentes segmentos da população, inicialmente ligados às classes média e alta, e posteriormente também a vários segmentos das classes populares."(FRÚGOLI Jr.:2000)

Embora tenha sofrido um processo de degradação e desvalorização, o centro de São Paulo tem recebido nos últimos anos investimentos tanto do setor público quanto do setor privado em forma de parcerias a fim de revitalizar o que antes fora cenário de lazer entre os paulistanos. Algumas associações como a Viva o Centro e a Pró Centro, dos setores privado e público respectivamente, foram criadas com esse intuito. Ambas possuem projetos que visam resolver diversos e graves problemas da região como excesso de camelôs, poluição sonora e visual, lixo, pichações e outros, incentivando paralelamente atividades que venham a trazer uma nova vitalidade ao centro, principalmente atividades ligadas à cultura, ao lazer e ao turismo. Mas, em que sentido concerne incentivar tais práticas sem que haja um estudo sobre a demanda dessas atividades? Como afirmar que o que seja criado para incentivo ao turismo sirva para a população em geral, fora os turistas? Tais projetos abordam essas questões? Qual o foco principal: o lazer, o turismo ou ambos? Se forem ambos, quem e como está sendo feito esse tipo de trabalho? Essas são questões que precisam ser respondidas para se compreender de fato qual a medida de importância que se está dando à região central de São Paulo, envolvendo o grau de profissionalismo de quem elabora projetos e trabalha com o lazer e o turismo.

Se considerarmos todo o patrimônio histórico, artístico e cultural somente do centro de São Paulo, poderemos classificá-lo como um centro turístico e de lazer. Isso porque todos os equipamentos destinados ao lazer dos paulistanos também podem servir ao turismo dos visitantes de fora – os turistas –, interessados em conhecer e viver um pouco da dinâmica da cidade. Assim é que se difere a prática do lazer e do turismo. Mas, que tipo de turismo? Qual é o turista que visita São Paulo e manifesta seu comportamento na região central da cidade? Porque ele vem a São Paulo e, especificamente, ao centro? Geralmente as respostas a essas perguntas se afirmam no fato de São Paulo ser considerada uma metrópole e, portanto, um importante centro financeiro do país. Assim, considera-se uma cidade de negócios, uma cidade que não pára de crescer e de trabalhar. Tanto trabalho é capaz de definir o tipo de lazer e de turismo que se realiza na cidade, ou seja, lazer de executivos e turismo de negócios. A partir dessas duas definições, o que se deve questionar é o que seria o lazer de executivos, já que o turismo de negócios parece estar mais bem posicionado em seu senso cognitivo. Na verdade o que quero expor aqui é a dúvida e a inquietação que surge no momento que deparamos com qualquer definição que se costuma colocar em certos tipos de atividades como forma de segmentá-las, como se o segmento desse conta de criar um novo parâmetro de ações dirigidas a essas atividades. Segmenta-se, pois, cria-se algo novo. Se existe o segmento de turismo de negócios, por que não o lazer de executivos?

Todos os pontos abordados até aqui estão relacionados com a questão do lazer e do turismo na região do centro de São Paulo, não sendo consideradas as questões quanto aos motivos de degradação dessa região, bem como abordagens técnicas referentes ao enunciado, ao lazer e ao turismo. Procura-se assim enfatizar uma questão que envolve uma problemática delimitada a fim de compreender melhor esses fenômenos que nos rodeiam – nós, paulistanos. Porém a análise do contexto e da conjuntura desses fenômenos é de vital importância.

As questões até aqui abordadas se destinam a desmistificar alguns conceitos relacionados ao turismo e ao lazer no que diz respeito à tipologia de práticas turísticas e o seu relacionamento com o lazer. Tal relação se confunde na medida que parece não estar muito claro qual o real conhecimento que se tem, por parte dos profissionais do setor, do que seja trabalhar com turistas ou com empresários que viajam a fim de resolverem seus negócios relativos às suas organizações. Desse modo, procura-se uma orientação no sentido de esclarecer as motivações que fornecem sentido às viagens e satisfazer as necessidades e desejos distintos entre turistas a lazer e viajantes a negócios.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Turismo Rural

Às vezes a compreensão sobre determinado assunto ou termo se torna mais fácil no momento em que tentamos entender sua própria essência. Trata-se, portanto, de uma análise etimológica.

Ao consultarmos os principais dicionários de língua portuguesa encontramos a síntese do que se traduz ser o conceito de rural.

O termo rural é relativo ao que é próprio da agricultura, também entendido como agrícola ou situado no campo (campestre). Entende-se que, nestes casos específicos, a tradução se refere à produção ou cultura de alimentos (agricultura, piscicultura, apicultura, pecuária etc.). Portanto, compreendem-se os espaços e lugares onde tais culturas se manifestam, diferente do conceito de natureza que possui a idéia de espaço intocado ou pouco manipulado pela presença humana. Ainda assim, a concepção de espaços rurais depende de cada região ou país, a exemplo de alguns países europeus que classificam igualmente como rurais algumas de suas regiões litorâneas, justamente por algumas delas serem destinadas à produção de alimentos.

Entre outras características relativas à compreensão, destaca-se a experiência por uma vivência mais simples em oposição aos padrões comportamentais urbanos, considerados "frios" e sem essência quanto aos sentidos e emoções humanas, entendida como a busca de uma identidade que se perdeu desde os tempos anteriores à industrialização. O rural, portanto, se traduz no espaço ou lugar de preservação de certa memória mais rústica de sociedade.

Alguns autores que tratam o assunto turismo rural no Brasil classificam a prática dessa modalidade de duas formas: turismo rural tradicional e turismo rural contemporâneo.


Turismo Rural Tradicional


  • Origem Agrícola

    Visitas a propriedades que historicamente se constituíram como unidades de produção durante o ciclo do café. Inclui algumas atividades agrícolas, porém sem fins lucrativos, como pesque-pagues, ordenhamento de animais, colheita de hortifrutigranjeiros etc. Também se incluem lugares possuidores de patrimônio histórico com infra-estrutura antiga e mantida para a produção de alimentos, como as denominadas fazendas-hotéis. Por sua construção ser primeiramente destinada a esse fim, compreende-se uma fazenda, um lugar onde as coisas (nesse caso, os alimentos) devem ser feitas (do latim facenda). Mais tarde o sentido primitivo passou a ser o de assunto negócio e daí a riqueza, bens, propriedades rústicas, mercadoria.


  • Origem Pecuarista

    Consideram-se visitas a lugares e equipamentos que se originaram pela pecuária tradicional (criação de gado). Algumas passaram de produção de café à criação de gado leiteiro (venda de leite), após a crise cafeeira do século XIX.


  • Colonização Européia

    Visitas a lugares relacionados à história da imigração européia, principalmente nas regiões sul e sudeste. Seu contexto está relacionado a diversas variantes respectivas, como produção de vinhos etc.


    Turismo Rural Contemporâneo


    Visitas a propriedades considerados como equipamentos implantados mais recentemente, notadamente a partir da década de 1970, época em que o turismo assume um maior significado como atividade econômica no Brasil.


  • Hotéis-Fazenda

    Localizados na zona rural, valorizando a cultura rural como o folclore (festas e eventos como rodeios, etc.), a gastronomia e atividades como cavalgadas e passeios.


  • Pousadas Rurais

    Com menor porte e menos luxo, procuram oferecer aos visitantes a fruição da vida do campo, sem muita sofisticação.


  • Spas Rurais

    Estabelecimentos destinados à fins terapêuticos e/ou estéticos - tratamento de pacientes ou viajantes que apenas desejam relaxar. Trata-se de uma versão moderna das antigas estações termais.

    Atividades aos pacientes/hóspedes:

    • caminhadas e exercícios específicos para queimar calorias;
    • hidroginástica e banhos (em cachoeiras);
    • alimentação balanceada (dietas).

    Tal oferta é caracterizada pelo contraste entre o bucolismo (vida e costumes do campo - campestre)
    e a agitação das grandes cidades.


  • Segunda Residência Campestre

    Chácaras de veraneio (melhor seria dizer inverneio?), próximas das grandes cidades em um raio máximo de 100 km
    em regiões serranas.


  • Campings e Acampamentos Rurais

    Caracterizados pelas atividades realizadas geralmente em vales de rios e em áreas de expressiva cobertura vegetal (em espaços rurais).

    OBS: Embora se confunda com o chamado ecoturismo, deve-se destacar que a etimologia da palavra camping remete ao campo - campestre, portanto rural.

    Atividades:

    • Pousadia;
      • Acampar não é o mesmo que hospedar, o que envolve o ato de receber alguém.
      • Barracas ou trailers.
    • Caminhadas em trilhas, caça, pesca, etc.


  • Turismo de Caça e Pesca

    Modalidade em áreas cuja caça é permitida por lei (Ex: Pantanal Matogrossense)


  • Turismo Rural Místico ou Religioso

    Visitas a fazendas ou ranchos destinados a cultos religiosos ou de vivencia comunitária (Ex: comunidades Amish nos EUA), vinculados à meditação ou práticas consideradas como místicas (transcedentalismo, OVNIS, etc.).


  • Turismo Rural Etnográfico

    Adaptação ou reprodução de aldeias indígenas para receber viajantes e turistas.


  • Outros termos também utilizados

    Agroturismo


  • Outros termos relacionados
    • Rancho

      Ao contrário da fazenda, no rancho não se produz alimentos, apenas o lugar distante de det. povoado onde se reúnem pessoas para descansar ou comer.

    • Roça

      Pequena propriedade agrícola rural.

    • Sítio

      Terreno demarcado

      Podendo ser destinado à qualquer construção.

    • Chácara

      Moradia / habitação (casa) dentro de um espaço rural, construída dentro de um sítio.

sábado, 16 de agosto de 2008

Professores de turismo

No final da década de 90 houve um verdadeiro "boom" dos cursos de turismo no país. Muitos cursos foram criados sem nenhum critério de avaliação do currículo ou dos profissionais que passaram a ministrar aulas sem qualquer preparo para a vida acadêmica. O reflexo disso tem sido que, nos últimos anos, o desenvolvimento do turismo tem ocorrido somente de forma isolada, principalmente nas áreas operacionais (capacitação de mão-de-obra) e menos no que se refere ao planejamento do turismo de maneira macro. Os alunos não são incentivados a pensar, planejar o turismo, pois só querem um "emprego" na área, em detrimento de uma verdadeira profissão. Pela falta de incentivos aos estudantes, os próprios professores (alguns) são desmotivados a incentivarem uma maior participação dos alunos nas discussões mais filosóficas e humanistas (às vezes, se esquecem do significado das Ciências Humanas - área dos estudos do turismo). Além disso, tem sido notório nos últimos anos a queda de demanda por esses cursos, o que acarreta a extinção dos mesmos em algumas instituições de ensino superior, ocasionando a demissão de professores. Qual a saída? Quais as perspectivas? Quais as alternativas para fazer com que os referidos cursos voltem a ser o que, se nunca foram, eram em termos de demanda? Como atrair uma nova demanda que esteja interessada em questões menos práticas? Indo atrás. Demonstrar as virtudes de se trabalhar no ramo àqueles que ainda têm dúvida quanto à escolha da profissão, nos cursos preparatórios para vestibular, escolas em fase final do ensino médio e demais.

Outras sugestões?...


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Aeroporto no RS usará falcões para "proteger" aeronavaes

O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), ganhará um sistema inusitado de segurança para evitar que aves provoquem acidentes com aviões. Previsto para julho, ele será formado por até oito falcões.

Folha

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A mídia especializada em Viagem e Turismo

Já repararam que toda mídia dedicada ao assunto viagens e turismo destaca apenas o primeiro? Explico: de maneira geral - a mídia impressa, mais especificamente as revistas - possuem o nome com destaque para as viagens. Exemplos: revista Viagem e Turismo, da editora Abril - reparem o título em destaque. Um grande logo para Viagem, sendo que Turismo aparece apenas diminuto do lado direito em vertical. Outros: revista Viaje Mais, da editora Europa, revista Próxima Viagem, da editora Peixes - isso só pra ficar nas mais conhecidas sobre o assunto. O interessante nisso é que são publicações muito mais voltadas para turistas do que para viajantes em geral.

Não cabe, neste momento, discutirmos sobre as diferenças conceituais entre um e outro - embora seja muito pertinente tal discussão em outro momento -, mas entender o motivo de tais publicações destacarem apenas um dos termos. Com a palavra, os editores.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Paradigma conceitual do Turismo

Sobre a pergunta o que é turismo (ou mesmo, o que não é) ainda cabe uma série de reflexões. A princípio, considerá-la, por si só, é importante? Que benefícios tal reflexão pode trazer? Qual a importância em se considerar qualquer viajante como turista, independente de sua motivação? Acredito que, com base nesses princípios questionáveis, o turismo, como atividade dinâmica, pode resolver alguns dos problemas a ele pertinentes, entre eles, a ociosidade estrutural de alguns empreendimentos hoteleiro-turísticos.